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25 de Julho Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha

A HISTÓRIA


No Brasil, durante o século XIX, as contendas que se referem aos conflitos quilombolas, ações abolicionistas e até mesmo agregações religiosas já circunscreviam o descontentamento do negro pela sua situação social desfavorável.


Evidenciar e trazer à tona esses processos sociais pelo olhar feminino e étnico é fundamental para superarmos a marginalização das mulheres negras na história.


Um marco importante na repercussão da luta antirracista em específico no Brasil colonial está vinculado na figura lendária de Zumbi dos Palmares. É considerado um dos grandes símbolos de resistência negra brasileira. Foi um dos líderes do Quilombo dos Palmares, hoje situado no Estado de Alagoas no município da União dos Palmares, na da Serra da Barriga.


O quilombo de Palmares era uma comunidade formada por escravos que escaparam da violência das fazendas, senzalas e prisões da época. Por meados de 1678, o quilombo continha uma população com média de trinta mil pessoas, então lideradas por Ganga Zumba. Após anos de conflitos entre a ordem vigente, a Coroa Portuguesa propõe um acordo de paz, dando a liberdade a todos do quilombo desde que se submetessem as autoridades portuguesas. Ganga Zumba aceita tal acordo, e Zumbi dos Palmares, não concordando com o tratado, desafia sua liderança, prometendo continuar a resistência contra a opressão Portuguesa, tornando-se assim o novo líder do quilombo de Palmares.


A história de Zumbi e seu legado e bem difundida no Brasil e nas redes de ensino da educação básica. O ensino fundamental, em sua grande parte, é bem familiarizado com a data de homenagem a sua morte, 20 de novembro, então deflagrado Dia da Consciência Negra.


O que poucos sabem é sobre a atuação e liderança feminina existente também nesse período colonial. Tereza de Benguela, apesar de sua história ser pouco conhecida, também é um símbolo de liderança, força e luta pela liberdade. Liderou o Quilombo de Quariterê / MS com, mais de 100 pessoas, por mais de 20 anos e afrontou bravamente a Coroa Portuguesa, até meados da década de 1770, após ser capturada por soldados, e morta.


Em 1992 no I Encontro de Mulheres Afro-Latinas-Americanas e Afro-caribenhas, foi instituído o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha na data de 25 de julho, comemoração em prol do reconhecimento e resistência da mulher negra contra a opressão de gênero e raça.


No Brasil, essa data foi oficialmente reconhecida em 2014 com a Lei nº 12.987, estabelecendo o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, comemorado, anualmente também em 25 de julho.


Quem foi Tereza de Benguela?


Tereza de Benguela ou Rainha Tereza como costumava ser chamada, viveu no século XVIII e foi uma mulher negra e líder quilombola do Quilombo do Piolho, também conhecido como Quilombo do Quariterê que se localizava entre o rio Guaporé e a atual cidade de Cuiabá no Estado do Mato Grosso.


O quilombo chefiado por Rainha Tereza de 1750 a 1770 foi o maior do Estado, abrigando mais de 100 pessoas negras e indígenas.


Segundo os registros históricos, o Quilombo que Rainha Tereza governava vivia numa espécie de parlamento, onde todas as decisões eram discutidas em grupo e havia uma estrutura de conselheiros. A comunidade quilombola referida, vivia do cultivo de algodão, milho, feijão, mandioca, banana e venda dos excedentes produzidos. Rainha Tereza era bem firme, comandava toda a estrutura política, econômica e administrativa, mantendo a defesa do quilombo com a utilização de armas trocadas com os brancos ou adquiridas nos confrontos com os bandeirantes e capitães do mato, de ataque a comunidade quilombola.


Não se tem registros de como Rainha Tereza morreu, mas uma das versões é que ela foi assassinada em confronto com as forças contrárias. O Quilombo do Quariterê resistiu até 1770, quando foi destruído pelas forças de Luís Pinto de Sousa Coutinho.


Rainha Tereza se configura como mais uma heroína negra e quilombola esquecida pela historiografia nacional e como forma de homenageá-la foi instituído por meio da Lei nº 12.987 de 25 de julho de 2014 o Dia Nacional da Tereza de Benguela e da Mulher Negra.


HOJE NO BRASIL O HISTÓRIA NOS CONTA.


Apesar de corresponder a 53% dos brasileiros, a população negra ainda luta para eliminar desigualdades e discriminações. São cerca de 97 milhões de pessoas e, mesmo sendo a maioria, está sub-representada no Legislativo, Executivo, Judiciário, na mídia e em outras esferas. Em se tratando do gênero, o abismo é ainda maior. Apesar da baixa representatividade de Mulheres Negras na política e em cargos de Poder e de decisão, cada ascensão deve ser comemorada como reconhecimento.


“As demandas do movimento social negro passaram a fazer parte da agenda política, a partir do governo ex-presidente Lula. O Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288/2010), serviu de base para a elaboração do PPA. Tem sido a referência para as cotas nos concursos públicos e nas universidades, como um dos caminhos, a se percorrer para reduzir e reparar essas desigualdades” – FALA da presidenta da Fundação Cultural Palmares (FCP-MinC), Cida Abreu.


Feminismo Negro – A partir de 1992, em Santo Domingo, na República Dominicana, com a realização do 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, criação da Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas e a definição do 25 de julho como Dia da Mulher Afro-latino-americana e Caribenha.


A data – A Lei nº 12.987/2014, foi sancionado pela presidenta Dilma Rousseff, como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza de Benguela foi uma líder quilombola, viveu durante o século 18. Com a morte do companheiro, Tereza se tornou a rainha do quilombo, e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças de Luiz Pinto de Souza Coutinho e a população (79 negros e 30 índios), morta ou aprisionada.


Homenageadas – Assim como Tereza, outras mulheres foram e são importantes para a nossa história. Com trabalhos impecáveis e perseverança, elas deixaram um legado, que cabe a nós reverenciarmos e visibilizarmos a emancipação das mulheres negras, como forma de homenagear; Antonieta de Barros, Aqualtune, Theodosina Rosário Ribeiro, Benedita da Silva, Jurema Batista, Leci Brandão, Chiquinha Gonzaga, Ruth de Souza, Elisa Lucinda, Conceição Evaristo, Maria Filipa, Maria Conceição Nazaré (Mãe Menininha de Gantois), Luiza Mahin, Lélia Gonzalez, Dandara, Carolina Maria de Jesus, Elza Soares, Mãe Stella de Oxóssi, entre tantas outras.





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